Edgar Cervantes / Autoridade Android
TL;DR
- Um relatório desclassificado revelou que as agências governamentais dos EUA estão comprando informações pessoais dos cidadãos.
- As “informações disponíveis comercialmente” vêm de telefones, carros, cookies e muito mais.
- O relatório também reconhece vários problemas com essa prática.
Não deve ser surpresa saber que empresas e outras entidades têm acesso aos seus dados pessoais. Mas um relatório recém-desclassificado revelou que as agências de inteligência e espionagem dos EUA compram os dados pessoais de cidadãos americanos.
O Escritório da Diretoria de Inteligência Nacional (ODNI) publicou um relatório desclassificado detalhando o escopo dessa prática (h/t: TechCrunch). O relatório confirma que as agências compram as chamadas informações comercialmente disponíveis (CAI) dos cidadãos.
Esses dados disponíveis comercialmente vêm de smartphones, carros conectados, dispositivos IoT, tecnologias de rastreamento da web, como cookies, e caminhos mais tradicionais (por exemplo, registros públicos). Os dados obtidos por meio dessas compras incluem informações de localização, atividade de navegação na web, informações de mídia social e muito mais.
As agências de inteligência dos EUA não compram diretamente essas informações, porém, contando com os chamados corretores de dados ou “revendedores de informações”.
Muitas preocupações sobre as informações coletadas
Este relatório também observa que, embora esses dados sejam frequentemente anonimizados, é possível usar outras formas de CAI para desanonimizar e identificar indivíduos dos EUA. Isso ecoa um relatório do New York Times de 2019 sobre o setor de rastreamento de smartphones, que descobriu que as pessoas ainda podem ser identificadas a partir de seus dados “anônimos”.
O relatório desclassificado também reconhece que essas informações adquiridas podem estar sujeitas a abusos.
“Nas mãos erradas, informações confidenciais obtidas por meio do CAI podem facilitar chantagem, perseguição, assédio e vergonha pública”, diz um trecho do relatório.
Além disso, o relatório observa que esta prática tem implicações para as liberdades civis:
O CAI pode divulgar, por exemplo, movimentos e associações detalhadas de indivíduos e grupos, revelando atividades políticas, religiosas, viagens e discursos. O CAI pode ser usado, por exemplo, para identificar todas as pessoas que participaram de um protesto ou comício com base na localização do smartphone ou nos registros de rastreamento de anúncios.
De qualquer forma, não é uma surpresa que o governo dos EUA tenha o mesmo amplo acesso a dados pessoais que empresas como Google e Facebook têm. Mas este relatório ainda ressalta a necessidade de melhorias sérias de privacidade na indústria de tecnologia, bem como leis mais rígidas em torno dos corretores de dados.